A Pessoa Idosa e os Povos Tradicionais: Sabedoria, Resistência e Direitos Garantidos
A pessoa idosa representa a base viva da nossa história. Por meio de suas memórias, experiências e saberes, os idosos são guardiões da cultura, da identidade e da ancestralidade de seus povos. Esse papel ganha ainda mais relevância quando falamos das comunidades tradicionais, como os quilombolas e os povos indígenas Xukuru do Ororubá, que habitam o território de Pesqueira e arredores, em Pernambuco.
Os quilombos são comunidades formadas por descendentes de africanos escravizados que resistiram à opressão colonial e lutaram por liberdade. Essas comunidades preservam, até hoje, modos de vida, espiritualidade, práticas agrícolas e laços comunitários herdados de seus antepassados. Nelas, os idosos têm um papel central: são os detentores do conhecimento tradicional, das histórias de luta e das práticas que mantêm viva a identidade quilombola.
Da mesma forma, o povo Xukuru do Ororubá, com forte presença na Serra do Ororubá, é um dos mais importantes povos indígenas do Nordeste brasileiro. Os anciãos Xukuru são respeitados como líderes espirituais, conselheiros e transmissores dos saberes sagrados da floresta, dos rituais e da língua. Sua presença fortalece a continuidade das tradições e da luta por território, cultura e autonomia.
A Constituição Federal de 1988 e o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) asseguram que todas as pessoas idosas — independentemente de sua origem étnica ou cultural — têm direito à vida com dignidade, à liberdade, à saúde, ao respeito e à participação ativa na sociedade. O Art. 3º do Estatuto estabelece como dever da família, da sociedade e do Estado garantir, com absoluta prioridade, esses direitos fundamentais.
Portanto, respeitar a pessoa idosa é valorizar não apenas sua história individual, mas também a história coletiva dos povos que formam a diversidade do Brasil. É reconhecer que a força das comunidades quilombolas e indígenas está profundamente enraizada na sabedoria de seus mais velhos. E é, acima de tudo, afirmar o compromisso com um país mais justo, plural e comprometido com a memória e a ancestralidade de seu povo.
